segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Carta aos três

Meus queridos irmãos,

Já fazem quase dois anos que nessa mesma página lhes escrevi, ainda que indiretamente. Prestei atenção nisso porque tenho incansavelmente lembrado, esses dias, de vocês, e me veio à mente o desabafo que há considerável tempo por mim foi feito.

De modo singelo, admito que entristeço-me quando lembro que não os vi aprenderem a caminhar com as próprias pernas, trocarem os dentes de leite pelos permanentes, aprenderem a ler e todos esses detalhes que marcam as nossas mudanças e os primeiros amadurecimentos da vida; mas feliz em ver que os tenho tão sadios e que me acolhem tão lindos como a irmã mais velha, como a "minha irmã". 

Abro parênteses para deixar claro ao irmão do meio que fiquei apaixonada pelo pronome possessivo introduzido à característica que me pertence — mais do que também ser de vocês, me aconchega saber que, reciprocamente, me querem.

Em nosso último encontro, brincamos juntos e fui presenteada com todo amor que cabe nesses três coraçõezinhos. Deitei no colo de um, recebi carinho do outro, ganhei abraço do mais novo que realizou o ato sob ordem do mais velho. Fui defendida de um golpe do primo que levei no meio da brincadeira e tratada como a menina de vocês. Me vi completa e realizada de modo tal que apenas Deus consegue entender e discernir tudo que fizeram florescer em minh'alma e está sendo regado, com tanta doçura, diariamente. Parece coisa pouca,  mas, no meu caso, enxergar que vocês cresceram e me têm como parte de suas vidas é uma emoção única, ímpar e forte.

Isso tudo que aconteceu (quem me dera fosse mais constante!) tem me feito sentir ainda mais saudade de vocês e ansiedade para revê-los, porque sei que agora obtenho um afeto que sempre fez parte de meus sonhos e sou querida na mesma medida em que ambos foram e são desde muito tempo em minha vida. O que acontece após cada encontro desse é a alimentação da minha esperança em estender nosso elo, ampliar nosso laço, firmar nosso vínculo que, mais que sanguíneo, precisa ser de alma. Nutro com vigor o amor que aqui pulsa por simplesmente terem nascido, por serem meus irmãos e, com isso, componentes importantíssimos do meu eu; porque creio que logo poderemos ser próximos de verdade sem depender de outrem, apenas da nossa vontade de estarmos, mais do que juntos, unidos.

Nosso tempo está chegando, eu sei disso. Enquanto isso, entrego suas vidas nas mãos do Pai e peço que por Ele sejam sempre guardados e conduzidos na Luz e para a Luz. Que a Virgem Maria, mãe de Jesus, envolva-os em Seu manto de amor e interceda ao Seu Filho, Nosso Salvador, por todos os sonhos que colorem a mente e a vida de vocês três. Amo cada um e repito, aqui em meus escritos, já que a garganta dá um nó quando tento dizer pessoalmente, que meu braços estão escancarados para receber vocês, hoje e sempre; que torço para tê-los junto à mim frequentemente e para que nossa ligação transborde em amor.

Com amor e saudade,

Bárbara.



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