Meus queridos irmãos,
Já fazem quase dois anos que nessa mesma página lhes escrevi, ainda que indiretamente. Prestei atenção nisso porque tenho incansavelmente lembrado, esses dias, de vocês, e me veio à mente o desabafo que há considerável tempo por mim foi feito.
De modo singelo, admito que entristeço-me quando lembro que não os vi aprenderem a caminhar com as próprias pernas, trocarem os dentes de leite pelos permanentes, aprenderem a ler e todos esses detalhes que marcam as nossas mudanças e os primeiros amadurecimentos da vida; mas feliz em ver que os tenho tão sadios e que me acolhem tão lindos como a irmã mais velha, como a "minha irmã".
Abro parênteses para deixar claro ao irmão do meio que fiquei apaixonada pelo pronome possessivo introduzido à característica que me pertence — mais do que também ser de vocês, me aconchega saber que, reciprocamente, me querem.
Em nosso último encontro, brincamos juntos e fui presenteada com todo amor que cabe nesses três coraçõezinhos. Deitei no colo de um, recebi carinho do outro, ganhei abraço do mais novo que realizou o ato sob ordem do mais velho. Fui defendida de um golpe do primo que levei no meio da brincadeira e tratada como a menina de vocês. Me vi completa e realizada de modo tal que apenas Deus consegue entender e discernir tudo que fizeram florescer em minh'alma e está sendo regado, com tanta doçura, diariamente. Parece coisa pouca, mas, no meu caso, enxergar que vocês cresceram e me têm como parte de suas vidas é uma emoção única, ímpar e forte.
Isso tudo que aconteceu (quem me dera fosse mais constante!) tem me feito sentir ainda mais saudade de vocês e ansiedade para revê-los, porque sei que agora obtenho um afeto que sempre fez parte de meus sonhos e sou querida na mesma medida em que ambos foram e são desde muito tempo em minha vida. O que acontece após cada encontro desse é a alimentação da minha esperança em estender nosso elo, ampliar nosso laço, firmar nosso vínculo que, mais que sanguíneo, precisa ser de alma. Nutro com vigor o amor que aqui pulsa por simplesmente terem nascido, por serem meus irmãos e, com isso, componentes importantíssimos do meu eu; porque creio que logo poderemos ser próximos de verdade sem depender de outrem, apenas da nossa vontade de estarmos, mais do que juntos, unidos.
Com amor e saudade,
Bárbara.
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